quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Crítica - O Vingador do Futuro

Cristiano Almeida

O Vingador do Futuro (Total Recall) é mais um daqueles filmes que nascem com a proposta de serem “apresentados a uma nova geração”. A ideia era refilmar o clássico homônimo da década de 90, estrelado por Arnold Schwarzenegger e dirigido por Paul Verhoeven, com base no conto Podemos Recordar para Você, por um Preço Razoável, de Philip K. Dick. Com algumas referências ao filme original, a nova versão opta por um caminho diferente, eliminando vários elementos marcantes da história para focar na ação.

Na trama, em um futuro pós-apocalíptico o mundo é dividido em apenas duas nações, a Federação Unida da Bretanha, liderada pelo chanceler Cohaagen (Bryan Cranston), e a Colônia. A primeira é o lado rico do mundo, a segunda, a classe pobre e oprimida. O único meio de ligação entre elas é um elevador que conecta os dois continentes chamado de “A Queda”. Douglas Quaid (Colin Farrell) é um operário que mora na Colônia e está cansado de sua rotina. Ele decide procurar a empresa Rekall, organização que promete implantar memórias nas pessoas para que elas sejam quem quiserem. O procedimento de Quaid dá errado e a partir desse evento ele começa a ser caçado pela polícia e por Lori (Kate Beckinsale), questionando se o que está vivendo e realidade ou ficção. Ele alia-se a tenente da resistência, Melina (Jessica Biel), e juntos vão lutar por suas vidas.

A premissa é boa, mas não é explorada no filme. Enquanto no longa de 90 a história acompanhava o protagonista tentando descobrir a verdade, nesse remake o roteiro de Kurt Wimmer e Mark Bomback prefere entregar cenas e cenas de ação em uma espécie de perseguição de gato e rato. Basicamente, Quaid e Melina fogem da polícia em alucinantes sequências até chegar ao embate final. Os protagonistas se esforçam, mas Colin Farrell não tem a presença de cena de Schwarzenegger e Jessica Biel, apesar de alguns momentos de ajuda ao herói, no final das contas fica mais como a donzela a ser salva.

Em sua busca por homenagear o antecessor o filme amplia algumas experiências, como o aspecto futurista, obviamente melhorado com o avanço tecnológico, mas é equivocado em outras tentativas. Por exemplo, no original o protagonista encontra mutantes, inclusive uma prostituta de três seios, quando vai à Marte. Aqui, a história é centrada nas nações que ficam na Terra, mas mesmo assim a personagem aparece. Ou seja, se a trama busca ser mais “real”, não há lógica para essa aparição.

Deixando o roteiro de lado, a produção se sobressai na técnica. Aqui o diretor Len Wiseman utiliza bem os recursos que tem e o resultado é muito satisfatório. A direção de arte contempla o oposto social com o refinamento da Bretanha e o superpovoamento de Colônia. No quesito futurista as sequências de ação são muito bem realizadas, merecendo destaque uma ótima cena de perseguição de carros (que lembram os veículos de Minority Report) e uma nos elevadores. A trilha sonora, apesar de não ter nada de inovadora, acompanha bem as cenas. Outro ponto interessante é a presença dos Synthetics, policiais robôs que perseguem o protagonista e rendem bons momentos, principalmente na utilização da câmera lenta.

Analisando o filme isoladamente, ele é eficaz nos quesitos técnica, ação e entretenimento. Agora, quando comparado ao original, fica a sensação que faltou muito para uma equiparação, pois em busca de uma versão mais realista (o que parece ser tendência em Hollywood), o longa se perde no meio do caminho, deixando a desejar no desenvolvimento dos personagens e da própria trama. Para quem não conhece o filme de 1990 essa versão até pode agradar, mas para quem cultua o clássico, as comparações serão inevitáveis e com isso as críticas serão bem reais.  

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